A responsabilidade civil do síndico: limites e obrigações
- Heitor Broseguini e Vinícius Sant'Anna
- 7 de fev.
- 3 min de leitura
Este artigo aborda os limites e obrigações do síndico no âmbito jurídico, destacando a responsabilidade civil e as implicações de atos ou omissões.

O síndico é uma figura essencial na administração do condomínio, sendo responsável por garantir o seu bom funcionamento e o cumprimento das normas estabelecidas. Contudo, essa função vem acompanhada de diversas responsabilidades legais, que podem gerar consequências caso sejam negligenciadas. Este artigo aborda os limites e obrigações do síndico no âmbito jurídico, destacando a responsabilidade civil e as implicações de atos ou omissões.
Obrigações do síndico
De acordo com o Código Civil Brasileiro (Lei nº 10.406/2002), em seu artigo 1.348, o síndico possui várias atribuições obrigatórias, dentre as quais se destacam as seguintes:
Representação do condomínio:
O síndico representa ativa e passivamente o condomínio em juízo e fora dele.
Gestão financeira:
Presta contas regularmente aos condôminos e administra as receitas e despesas do condomínio.
Conservação das áreas comuns:
Cuida da manutenção e reparos das áreas comuns, garantindo sua utilização segura.
Cumprimento das normas:
Assegura que a convenção de condomínio e o regimento interno sejam respeitados por todos os moradores.
Convocação de assembleias:
Convoca assembleias gerais para deliberar sobre assuntos relevantes.
Fiscalização de obras:
Supervisiona e aprova obras necessárias nas áreas comuns, respeitando a legislação vigente e os limites da convenção.
Limites da atuação do síndico
Embora o síndico possua amplos poderes administrativos, ele não pode ultrapassar os limites impostos pela lei e pela convenção do condomínio. Entre esses limites, destacam-se:
Respeito ao quórum legal:
Decisões que envolvem alterações estruturais, contratação de empréstimos ou aumento de taxas dependem de aprovação em assembleia, com quórum específico.
Atos sem aprovação:
Não pode tomar decisões unilaterais que ultrapassem os poderes de gestão ordinária, como realizar grandes obras sem autorização dos condôminos.
Neutralidade:
Deve agir de forma imparcial, não favorecendo interesses pessoais ou de grupos específicos.
Responsabilidade civil do síndico
A responsabilidade civil do síndico decorre de atos ou omissões que causem prejuízo ao condomínio ou a terceiros. Essa responsabilidade pode ser classificada em:
Responsabilidade por ação:
Quando o síndico pratica atos em desacordo com a lei ou com as deliberações das assembleias, como contratações irregulares ou mau uso dos recursos do condomínio.
Responsabilidade por omissão:
Quando deixa de tomar providências necessárias, como a realização de manutenção preventiva, resultando em danos ao patrimônio ou à segurança dos moradores.
Responsabilidade solidária:
Em casos de decisões coletivas, o síndico pode responder solidariamente com os demais condôminos ou conselheiros, caso atue de forma conivente.
Consequências de omissão ou irregularidades
As consequências para o síndico que age de forma negligente, imprudente ou dolosa podem incluir:
Ações judiciais:
Os condôminos podem ingressar com ação judicial para responsabilizar o síndico por prejuízos causados.
Destituição do cargo:
A assembleia pode destituir o síndico por meio de quórum qualificado, conforme previsto na convenção condominial.
Reparação de danos:
O síndico pode ser obrigado a indenizar o condomínio ou terceiros pelos danos materiais ou morais causados.
Boas práticas para evitar problemas
Capacitação:
Participar de cursos e treinamentos sobre gestão condominial para compreender as responsabilidades do cargo.
Consultoria jurídica:
Contar com o apoio de um advogado especializado para orientação em situações complexas.
Transparência:
Manter os condôminos informados sobre as ações e finanças do condomínio.
Planejamento:
Elaborar um planejamento anual para gestão de recursos e manutenções.
Registro de atos:
Documentar todas as deliberações e ações tomadas, garantindo transparência e proteção contra acusações indevidas.
Conclusão
O cargo de síndico é fundamental para o funcionamento harmonioso de um condomínio, mas requer conhecimento, responsabilidade e transparência. Compreender os limites e obrigações da função é essencial para evitar conflitos e garantir uma gestão eficaz. Ao atuar de forma preventiva e dentro da legalidade, o síndico protege não apenas o patrimônio coletivo, mas também sua própria integridade e tranquilidade.
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