Condomínios e locação por temporada (Airbnb): aspectos legais e conflitos
- Heitor Broseguini e Vinícius Sant'Anna
- 25 de fev.
- 3 min de leitura
Este artigo analisa os principais aspectos legais e como condomínios podem regulamentar a locação por temporada (Airbnb) para minimizar problemas.

O surgimento de plataformas digitais como o Airbnb transformou significativamente o mercado de locação de imóveis, permitindo a locação de curta duração de unidades habitacionais. No entanto, essa prática trouxe desafios jurídicos e conflitos para condomínios residenciais, que precisam equilibrar os direitos de proprietários, as normas internas e o bem-estar coletivo dos condôminos. Este artigo analisa os principais aspectos legais e como condomínios podem regulamentar a questão para minimizar problemas.
Aspectos legais da locação de curta duração
A locação por temporada é regulamentada pela Lei do Inquilinato (Lei nº 8.245/1991), que permite locações para temporada com prazo de até 90 dias. Embora seja um direito do proprietário dispor de sua unidade, a utilização para fins comerciais em condomínios residenciais pode gerar conflitos e ser alvo de questionamentos.
Direito de propriedade:
O artigo 5º da Constituição Federal assegura o direito de propriedade, permitindo que o proprietário use seu imóvel como desejar, desde que respeite as normas legais e o direito dos demais moradores.
Uso comercial x residencial:
Muitos condomínios possuem convenções que restringem o uso das unidades para fins exclusivamente residenciais, o que pode ser interpretado como uma vedação à locação de curta duração.
Decisões judiciais:
Tribunais brasileiros têm decidido que, havendo vedação na convenção condominial para fins comerciais, esta deve ser respeitada.
Ainda de acordo com os tribunais, a convenção condominial pode ser modificada, desde que respeitado o qúorum qualificado, para permitir ou proibir expressamente a locação por temporada (Airbnb).
Desafios e conflitos gerados pela locação por temporada
A locação de curta duração pode gerar diversos problemas no âmbito condominial, como:
Segurança:
A entrada frequente de pessoas desconhecidas pode comprometer a segurança dos moradores.
Uso intensivo das áreas comuns:
Hóspedes temporários podem sobrecarregar o uso de instalações como piscinas, academias e salões de festas.
Sossego:
Eventos e comportamentos inadequados por parte dos hóspedes podem gerar reclamações e conflitos com os moradores fixos.
Dificuldade de fiscalização:
A rotatividade de hóspedes dificulta o controle e a aplicação de regras internas.
Como os condomínios podem se regulamentar
Para lidar com os desafios trazidos pela locação por temporada, é essencial que os condomínios adotem medidas claras e respeitem os limites legais. Algumas estratégias incluem:
Alterar a convenção condominial:
A convenção pode estabelecer regras específicas sobre a locação de curta duração, desde que respeite o quórum exigido para alterações.
Definir normas no regimento interno:
Inclua disposições que regulamentem o uso de áreas comuns por hóspedes temporários, como o registro na portaria e limitação de acesso a determinadas instalações.
Aplicar multas e advertências:
Prever sanções para casos de descumprimento das regras condominiais, como barulho excessivo ou uso inadequado das áreas comuns.
Controle de acessos:
Implementar sistemas de controle que exijam o registro de hóspedes na portaria, aumentando a segurança.
Consultoria jurídica:
Contratar assessoria jurídica para garantir que as regras internas sejam compatíveis com a legislação vigente e possam ser aplicadas legalmente.
Soluções para minimizar conflitos
Diálogo entre condôminos:
Promova assembleias para discutir o tema e ouvir as opiniões de todos os moradores.
Educação e conscientização:
Informar os condôminos e os hóspedes temporários sobre as normas e a importância do respeito às regras.
Parcerias com plataformas:
Negocie com plataformas como o Airbnb para estabelecer diretrizes específicas para o condomínio.
Conclusão
A locação por temporada em condomínios é uma tendência que exige regulamentação clara e eficaz para evitar conflitos e preservar a harmonia entre os moradores. Ao estabelecer regras justas e transparentes, os condomínios podem equilibrar os direitos dos proprietários com os interesses da coletividade, garantindo um ambiente seguro e organizado para todos.
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